sexta-feira, 22 de novembro de 2024

A mistificação da filosofia



Para o filósofo brasileiro, o problema da verdade é bem mais difícil. Numa outra postagem, estarei aprofundando mais nesta questão. Por ora, ficarei com o que vejo ser a principal dificuldade que o filósofo brasileiro tem que enfrentar: a mistificação. 


O grande cineasta baiano, Glauber Rocha, costumava dizer que o brasileiro gosta de mistificar. Se não me engano, ele chega a dizer que o brasileiro, enfim, é um mistificador. Ao que tudo indica, parece que ele está falando de pessoas que fingem uma incorporação, ou um transe; afinal, Glauber fala bastante dos orixás e do candomblé brasileiro.


Mas a verdade é que a mistificação vai para além de fingir estar incorporado por uma entidade: mistificar é mentir, enganar, ludibriar. Nesta perspectiva, vemos que o grande cineasta baiano não está tão equivocado quando diz que o brasileiro é um mistificador. Por que, o que mais vemos por aí, é brasileiro mentindo, enganando, ludibriando - e isso em todos os níveis, desde o pobre fodido, passando por políticos até chegarmos na mais alta torre dos pesquisadores em seus centros de pesquisas...


Nelson Rodrigues, enfim, viu bem isto na gente. Ele dizia que nós, sobretudo brasileiros, somos falsários. Somos falsos em tudo. Mentimos em quase tudo (vide a expressão: mentiras sociais). Para não ser tão falso, ele escrevia verdades. Era quando ele se sentia autêntico. Quando escrevia e falava verdades. É claro, ele atraía o ódio por causa disto. Quem não odeia quem fala a verdade?


Na maioria das vezes, estamos mentindo e enganando. Mentindo para os outros e para nós mesmos. Vivemos, enfim, uma mistificação sem tamanho. Como um filósofo, por exemplo, pode chegar à verdade se nem na frente do espelho consegue ser o mais verdadeiro possível? Como um filósofo pode chegar à verdade em meio a tantos mistificadores de todos os tipos? 


Da Rocha Silva. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário